Participantes da Conferência Nacional de Educação (CONAE) fizeram manifestações críticas ao empresário brasileiro Jorge Paulo Lemann nesta terça-feira (30), durante aparição do ministro da Educação, Camilo Santana (PT), no palanque do evento. Os protestos foram transmitidos nos canais institucionais do presidente Lula (PT), que também esteve presente no dia de encerramento da conferência.
Os vídeos mostram que, assim que Santana cumprimenta a plateia, dezenas de pessoas gritam “Fora Lemann” com braços erguidos. Os participantes repetem a frase por pelo menos dez vezes. Diante das manifestações, o ministro da Educação fez uma pausa e, em seguida, fez uma fala em favor da democracia. “A minha palavra aqui vai ser rápida, porque na abertura eu falei muito. Mas eu quero dizer que nós estamos aqui, depois de seis anos, resgatando algo que é muito caro para todos nós, que é a democracia. É o direito de as pessoas se expressarem”, declarou o ministro.
“Para quem não me conhece, eu nasci na época da ditadura. Meu pai foi preso, foi torturado, lutando pela liberdade das pessoas, para que pudéssemos estar reunidos para defender nossas ideias, aquilo que a gente acredita no mundo. Democracia é isso: respeitar diferenças”, disse. A Fundação Leman não se pronunciou sobre o protesto.
Ministro da Educação
A maior parte do público na CONAE tem alinhamento com pensamentos de esquerda e mostra desconfiança com os rumos do sistema educacional ligado à Fundação Lemann, com influência sobre o ministro da Educação. A instituição tem comando do empresário suíço-brasileiro João Paulo Lemann, que também lidera empresas como Ambev, Burger King e Lojas Americanas.
Contexto
No fim de 2021, houve inauguração do Centro Lemann de Liderança para Equidade na Educação em Sobral, no Ceará, um dos municípios que mais se destaca no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb). Não por consequência, a cidade recebe repasses do orçamento governamental. Para a esquerda, apesar do modelo de Lemann ter se tornado sistema de referência no país, ele ainda priorizaria métricas industriais e pouco humanizadas, símbolos do neoliberalismo.
CONAE
Com organização do Fórum Nacional de Educação (FNE) e promovida pelo Ministério da Educação, a Conae neste ano trata de elaborar o Plano Nacional de Educação 2024-2034. O documento elenca diretrizes para as políticas educacionais no País. Após aprovação pelo Congresso Nacional, o texto servirá de base para os estados e municípios confeccionarem planos locais.
Atraso
A nova versão do Plano Nacional de Educação vai substituir o documento que teve validade entre 2014 e 2024. O PNE tem elaboração atrasada por conta da atuação dos governos anteriores, que não se anteciparam em elaborar as novas diretrizes.
Metas
O ministro da Educação, Camilo Santana, defendeu conceitos específicos para o no novo PNE, durante a cerimônia de abertura da CONAE, em Brasília, no domingo.
Diversidade
“Talvez seja a mais importante missão da minha vida de servir ao meu país. Um desafio tão grande pela desigualdade que esse país tem. Queremos [um Plano Nacional de Educação] com equidade, inclusão e diversidade”, declarou o ministro da Educação.
