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domingo, 21 de janeiro de 2024

Reservado e estrategista: quem é o líder dos Houthis, que desafiou EUA e desestabilizou o comércio marítimo mundial com ataques no Mar Vermelho

Reservado e estrategista: quem é o líder dos Houthis, que desafiou EUA e desestabilizou o comércio marítimo mundial com ataques no Mar Vermelho

 














Enigmático e com paradeiro desconhecido, Abdul Malik al-Houthi, de 40 anos, tomou o poder do grupo rebelde após a morte de seu irmão. Ele disse que ataques a cargueiros do Ocidente no Mar Vermelho seguirão acontecendo e que as ações dos EUA "não nos assustam, não nos afetam ou nos perturbam".

Um líder jovem e enigmático está por trás do grupo rebelde que vem travando um conflito direto com os Estados Unidos e sendo um dos protagonistas da onda de conflitos que se espalha pelo Oriente Médio.

Abdul Malik al-Houthi, de 40 anos, é o comandante-geral dos Houthis, grupo rebelde baseado no Iêmen que tem perpetrado dezenas de ataques cargueiros do Ocidente que passam pelo Mar Vermelho, por onde circula cerca de 12% de todas as embarcações do comércio mundial.

As ações dos Houthis são uma retaliação pelos bombardeios de Israel, país do qual são inimigos, na Faixa de Gaza, e fizeram com que os EUA entrassem na onda de conflitos que toma conta do Oriente Médio. Até sábado (20), o Exército norte-americano já havia feito nove bombardeios contra bases do grupo no Iêmen em resposta aos ataques dos houthis aos cargueiros do Ocidente.

Al-Houthi, de 40 anos, é conhecido por seu perfil misterioso: raramente passa mais de alguns dias no mesmo lugar, não dá entrevistas e nem faz aparições públicas anunciadas.

Desde o início da guerra no Iêmen, por exemplo, ele nunca se reuniu pessoalmente com ninguém de fora do Iêmen, nem mesmo representantes de países ou grupos internacionais aliados, como o Irã e o Hezbollah.

Segundo fontes iemenitas ouvidas pela agência de notícias Reuters, al-Houthi só faz reuniões através de telas em casas fortemente vigiadas dentro do reduto houthi em Sanaa, a capital do Iêmen que os Houthis controlam parcialmente.

Seu paradeiro atual é desconhecido.

Abdul Malik assumiu a liderança do movimento rebelde após a morte de seu irmão, Hussein Badreddin al-Houthi. Hussein al-Houthi, um ex-deputado do Parlamento do Iêmen, se insurgiu contra o governo do Iêmen, que era sunita, e assumiu a liderança do grupo que à época era um movimento de uma minoria de muçulmanos xiitas do norte do país.

Hussein foi morto por uma ação do Exército do Iêmen para conter forças rebeldes em 2004. Foi só neste momento que o grupo passou a se chamar Houthis, em homenagem ao então líder morto.

Depois que Abdul Malik assumiu a liderança do grupo, já batizado com o nome de sua família, os rebeldes começaram a se organizar e se armar.

Sob a direção de al-Houthi, o grupo rebelde adquiriu milhares de combatentes, além de conseguir montar um arsenal de drones armados e mísseis balísticos. Com soldados e armamentos, os Houthis passaram a fazer ataques a instalações militares da Arábia Saudita, que apoiava o então governo iemenita, e planejar a tomada da capital, Sanaa, plano que se concretizou no fim de 2014.

E com uma particularidade: em vez de fugir, al-Houthi comandou a batalha por terra na capital iemenita.

Foi a invasão dos Houthis à capital que deu início à guerra civil que dura até hoje no Iêmen e já deixou milhões de civis mortos e cidades e vilarejos destruídos. O governo fugiu para o exílio. E a Arábia Saudita entrou na guerra contra os Houthis, que passaram a ser apoiados pelo Irã e pela Síria.

"Ele (al-Houthi) conseguiu transformar uma milícia rural principalmente envolvida em tácticas de insurreição num dos grupos armados não estatais mais resilientes da região", disse à agência de notícias Reuters o analista de Oriente Médio e Norte da África da SEU Markit, Ludovico Carlino.

Os ataques às embarcações e o enfrentamento aos Estados Unidos são as ações mais ousadas dos Houthis desde a criação do grupo. Na sexta-feira (19), o grupo lançou mísseis contra um um navio norte-americano que passava pelo Golfo de Áden.

E, em um raro pronunciamento transmitido na quinta-feira (18), o comandante dos Houthis disse que os ataques continuarão e que é uma "grande honra travar confrontos diretos com os Estados Unidos". Afirmou ainda que "a posição americana não nos assusta, não nos afeta ou nos perturba".

"É uma grande honra estar em confronto direto com os israelenses, os americanos e os britânicos, que são a mãe do terrorismo, as raízes do terrorismo e as fontes do terrorismo", declarou al-Houthi.

As ações dos Houthis já fizeram com que companhias marítimas suspendessem as operações ou optaram pela rota mais longa em torno de África devido à campanha dos Houthis, que governam a maior parte do Iémen depois de vencerem duras adversidades numa guerra contra forças apoiadas pela poderosa Arábia Saudita.

Desde o início da onda de conflitos no Oriente Médio, iniciada por conta da guerra entre Israel e Hamas, os EUA já fizeram nove ataques a bases houthis, um deles em conjunto com o Reino Unido. Na quarta-feira (17), o governo norte-americano passou a classificar o grupo rebelde como terrorista.

Na quinta-feira (18), o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, afirmou que os ataques dos EUA a bases houthis no Iêmen vão continuar.

Apesar das incursões, os Houthis não têm recuado e continuam a atacar cargueiros do Ocidente que trafegam pelo Mar Vermelho, em retaliação aos bombardeios de Israel na Faixa de Gaza. O grupo é aliado do Hamas, e ambos são financiados pelo governo do Irã.

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