Participar de jogo de aposta é pecado? Esse é um tema que, apesar de pacificado no entendimento da maioria dos líderes cristãos, vez e outra reaparece em debates, provocando a dúvida de alguns. Foi por isso que alguns pastores decidiram abordá-lo novamente.
Os pastores se manifestaram na esteira de uma pesquisa realizada pelo Lifeway Research, feita de 29 de agosto a setembro do ano passado, cujo objetivo foi verificar se jogo de aposta é ou não errado para os cristãos. Para isso foram entrevistados 1.004 líderes nos Estados Unidos.
O levantamento mostrou que 55% dos pastores entendem que apostar é errado ou moralmente inconveniente, enquanto apenas 13% apoiam abertamente a legalidade da prática.
Brecha perigosa
Miles Mullin, vice-presidente e chefe de gabinete da Comissão de Ética e Liberdade Religiosa da Convenção Batista do Sul, explicou que o erro, na realidade, não está no jogo de aposta, em si, mas nas consequências que a prática pode provocar, como o vício.
Além disso, ele argumenta que a intenção de quem procura apostar também é um indicativo de brecha para o pecado, já que o objetivo é obter dinheiro fácil. “Embora a Bíblia não diga explicitamente, ‘não jogarás’, os princípios bíblicos relativos ao trabalho e à riqueza indicam que o jogo é imprudente”, disse ele.
“A Bíblia ensina que o pecado tem um efeito cascata que prejudica não apenas o participante, mas também aqueles que o rodeiam. Isto parece particularmente verdadeiro para comportamentos de dependência, e o jogo não é diferente”, ressalta Miles.
No Brasil, o pastor Roberto de Lucena adota a mesma posição de Mullin. Ao comentar um Projeto de Lei que visa legalizar apostas online no Brasil, o então deputado federal comentou:
“A Bíblia diz, em 1Coríntios 6, ‘não me deixarei dominar por coisa alguma’. Portanto fica claro que, o cristão que se deixa dominar pela ilusão de dinheiro fácil dos jogos já está cometendo um grave erro”.
Renato Vargens, pastor e escritor brasileiro, apoia a mesma interpretação, no sentido de que a proposta do jogo de aposta, incluindo àqueles vistos como uma “fezinha” na loteria, já caracteriza um pecado, pois contraria o princípio bíblico do ganho pelo suor do rosto.