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quinta-feira, 8 de fevereiro de 2024

Rim único: condição de personal trainer que morreu aguardando transplante atinge uma a cada mil pessoas

Rim único: condição de personal trainer que morreu aguardando transplante atinge uma a cada mil pessoas


 











'Agenesia renal unilateral' exige dos pacientes alimentação sem excesso de sódio e proteínas, entre outros cuidados. Educador físico Cristhian Annes teve sobrecarga renal.

Quem nasce com apenas um rim - condição chamada de agenesia renal unilateral - pode levar uma vida normal, desde que mantenha hábitos saudáveis e evite excessos que podem sobrecarregar o órgão. O mesmo é válido para quem perde ou tira voluntariamente um dos rins ao longo da vida.

As informações são do médico nefrologista Gilberto Baroni, que conversou com o g1 e destacou que a condição não é rara: em média, uma a cada mil pessoas nasce com rim único. (Saiba mais abaixo).

É o caso do personal trainer e influenciador digital Cristhian Annes, que morreu recentemente após o órgão único sofrer uma sobrecarga. Ele estava há dois meses na fila de espera para um transplante de rim.

Entre os principais cuidados recomendados a quem tem apenas um rim estão: evitar o excesso de sódio e de proteína, que, como explica Baroni, sobrecarregam o órgão.

"O sódio ainda gera risco de hipertensão arterial, que, assim como a diabetes, complica a função renal", afirma o especialista.

Praticar exercícios físicos regularmente também auxilia na saúde dos órgãos. Porém, eles não devem ser muito intensos ou causar impactos na região dos rins, alerta o médico.

"Esportes de contato, como lutas, que implicam em risco de traumas, são desaconselhados. Também é preciso se atentar ao fato de que muitos praticantes de esportes consomem proteínas em excesso - e isso ainda aumenta o risco de pedras no rim", exemplifica o nefrologista.

Gilberto Baroni também afirma que outro cuidado que pessoas com rim único devem ter é o uso de medicação.

"Boa parte dos medicamentos são eliminados pelo rim, e por isso eventualmente pessoas portadoras de doença renal se intoxicam mais. Por isso, a condição deve ser citada ao médico que está prescrevendo um medicamento para você. Também deve haver um cuidado nos remédios de uso livre, como anti-inflamatórios, que podem causar doenças renais", alerta.

Condição pode levar anos para ser descoberta, diz médico

De acordo com estudos médicos, corroborados por instituições como a Sociedade Portuguesa de Pediatria, em média uma a cada mil pessoas nasce só com um rim.

O nefrologista Gilberto Baroni concorda que a má formação renal não é rara e destaca que muitas pessoas que nascem com rim único acabam levando anos para descobrir o fato.

"Entre os órgãos internos, como coração, fígado e pulmões, o rim é um dos que mais tem risco de ter má formação. Na embriologia, o sistema de formação do rim é bastante complexo, tem várias etapas que têm que acontecer, então não é raro pessoas nascerem com alguma ausência ou alguma outra má formação, como cistos ou outras anomalias", explica.

A orientação é procurar acompanhamento médico - e seguir o bom e velho conselho de manter hábitos saudáveis.

"Hoje em dia não é raro descobrir o rim único ainda no útero, no exame morfológico da mãe, ou ainda em exames de rotina depois de nascido. Mas é importante ressaltar que a grande maioria das pessoas que nasce com um rim só e têm uma vida saudável, terá uma vida normal", acalma o médico.

Rim cresce, mas não se regenera

Gilberto Baroni explica que o rim de pessoas que nasceram com agenesia renal unilateral ou retiraram um dos órgãos ao longo da vida normalmente cresce.

"Normalmente, dois rins filtram, juntos, 90 ml por minuto. O rim remanescente se hipertrofia porque sozinho ele tem que fazer muito mais esforço para suprir toda essa função renal. Ele pode aumentar a própria capacidade em 75%, em média", cita.

Isso não significa, porém, que o rim pode se regenerar, como é o caso de outros órgãos.

"No caso de transplantes, a medula óssea, por exemplo, se recompõe, e é possível também fazer uma retirada parcial do fígado, mas não do rim porque ele não se regenera", aponta.

Doação de órgãos

Em 2023, o Paraná fechou o ano com 3.600 pacientes inscritos na lista de espera de transplante de órgãos. Desses, mais da metade (2.011) aguardavam por um rim.

Entre os motivos, está a grande quantidade de pessoas que têm mau funcionamento do órgão, seja pela falta de capacidade de regeneração dos rins ou pela má formação deles. Afinal, seguindo a lógica de que 1 a cada mil pessoas pode nascer com apenas um rim, o estado pode ter mais de 11,4 mil habitantes com órgão único.

Como doar órgãos no Paraná

O rim é o órgão com a maior demanda na lista estadual de transplantes. Em 2023, 15 pessoas que aguardavam transplante de rim morreram no Paraná.

O estado fechou o ano com 2.011 pacientes no cadastro técnico da lista de espera, que considera todos os inscritos, sendo 1.710 na fila ativa, que é formada por pacientes aptos para o transplante.

A Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) disponibiliza um informativo online com as principais orientações para quem deseja se tornar um doador. Veja:

Como ser doador? Avise a família, órgãos só poderão ser doados com autorização dos parentes mais próximos;

Quem pode doar? Qualquer pessoa, após a confirmação da morte e mediante autorização da família;

Quais órgãos podem ser doados? Coração, rins, pâncreas, pulmões, fígado e também tecidos, como: córneas, pele, ossos, valvas cardíacas e tendões. Um doador pode ajudar muitas pessoas;

Doação por pessoa falecida: pacientes diagnosticados com morte encefálica (ME) podem ser doadores de órgãos e tecidos. Nos casos em que o falecimento decorre de parada cardiorrespiratória (PCR), podem ser doados apenas tecidos;

Doador vivo: qualquer pessoa saudável pode ser doadora em vida de um dos seus rins ou parte do fígado para um familiar próximo (até 4ª grau consanguíneo), porém quando a doação for para a alguém sem grau de parentesco é necessário autorização judicial;

Quem recebe os órgãos: os órgãos doados são destinados a pacientes que necessitam de transplante e estão aguardando em uma lista única de espera. A fila é fiscalizada pelo Sistema Nacional de Transplantes do Ministério da Saúde e pelas Centrais Estaduais de Transplantes. O serviço cita a necessidade de autorização de familiares, diferencia os tipos de doadores e explica como funciona o processo de doação.


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