-->

Notícias

sexta-feira, 1 de março de 2024

Febre do Oropouche: há risco de surto de uma 'nova' doença no Brasil? Entenda origem, sintomas e tratamento

Febre do Oropouche: há risco de surto de uma 'nova' doença no Brasil? Entenda origem, sintomas e tratamento

 












Autoridades de saúde no Rio de Janeiro investigam o primeiro caso da febre no estado. Um homem de 42 anos contraiu a doença após uma viagem recente ao Amazonas. O estado já registrou 1.398 casos somente este ano.


Autoridades de saúde estão investigando o primeiro caso da Febre do Oropouche (FO) no estado do Rio de Janeiro depois que um homem de 42 anos contraiu a doença após uma recente viagem ao Amazonas.


Este ano, o estado já contabiliza 1.398 casos confirmados da febre, um aumento significativo em relação ao ano passado (número três vezes maior).


Portanto, há a suspeita de que o paciente tenha "importado" a doença, ou seja, contraído a FO durante sua estadia no Norte do país.


Entenda o cenário

Especialistas ouvidos pelos g1 concordam que o registro da doença no Rio é uma situação preocupante, por causa dos riscos de uma transmissão local. Apesar disso, eles alertam que a possibilidade de um surto da doença em todo o país - ou até mesmo no Rio de Janeiro - é bastante baixa neste momento. Entenda mais:


Origem: A doença é transmitida principalmente por mosquitos. O vírus Orthobunyavirus oropoucheense (OROV) é mantido no sangue desses animais após eles picarem uma pessoa ou outro animal infectado.

Sintomas: Ela apresenta sintomas similares à dengue e à chikungunya, incluindo dor de cabeça, muscular, nas articulações, náusea e diarreia - o que pode complicar diagnósticos clínicos.

Risco de surto: Embora haja registro de um caso "importado" no Rio de Janeiro, a possibilidade de um surto nacional não é iminente, mas é crucial monitorar a transmissão local, alertam especialistas. (Veja aqui o que é um surto.)

Tratamento: Não há tratamento específico para a Febre do Oropouche. Recomenda-se repouso, tratamento sintomático e acompanhamento médico.

Vigilância epidemiológica: A vigilância é fundamental para identificar os sintomas, detectar e prevenir possíveis surtos, além de permitir o diagnóstico diferencial com outras arboviroses - como a dengue.


Na avaliação de Alberto Chebabo, presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia, a situação mais crítica nesse momento é justamente no Amazonas, já que a doença tem sintomas parecidos com os da dengue e da chikungunya (entenda mais abaixo).


"É pouco provável que a gente tenha um surto de grande intensidade este ano da Febre do Oropouche (FO) em todo o país, concomitantemente com a dengue. Você pode ter casos esporádicos acontecendo e muitas vezes eles acabam não sendo diagnosticados ou sendo diagnosticados como dengue. Porque clinicamente é difícil diferenciar", alerta Chebabo.

Assim como o colega, Carla Kobayashi, infectologista do Hospital Sírio-Libanês, afirma que é preciso considerar que a Febre do Oropouche é comum na região Norte, onde já houve registros de surtos nos últimos anos.


Por isso, o risco de termos outros casos ou casos não importados existe. Quando há circulação do vírus numa região, há a chance de o mosquito picar a pessoa infectada, se contaminar e transmitir a doença para outras pessoas.


"A gente pode ter um ou outro caso fora dessa região que não vão ser casos importados, mas isso não vai ser um risco alto. A gente observou nos últimos surtos da doença que eles se concentram em regiões específicas", comenta Kobayashi.


"Explicando de uma forma mais objetiva, o risco epidemiológico de ter surtos dessa doença fora da região Norte, que já é o comum de acontecer, ele existe, mas é baixo", acrescenta a especialista.


O que é a febre e quais seus sintomas

A Febre Oropouche é transmitida principalmente por mosquitos. Depois de picarem uma pessoa ou animal infectado, os mosquitos mantêm o vírus em seu sangue por alguns dias. Quando esses mosquitos picam outra pessoa saudável, podem passar o vírus para ela.


Segundo o Ministério da Saúde, a doença tem dois ciclos de transmissão:


Ciclo Silvestre: Neste ciclo, os animais, como bichos-preguiça e macacos, são os portadores do vírus. Alguns tipos de mosquitos, como o Coquilletti diavenezuelensis e o Aedes serratus, também podem ser portadores do vírus. Mas o mosquito Culicoides paraenses, conhecido como maruim ou mosquito-pólvora, é considerado o principal transmissor nesse ciclo.

Ciclo Urbano: Aqui, os humanos são os principais portadores do vírus. O maruim também é o vetor principal. Além disso, o mosquito Culex quinquefasciatus (o famoso pernilongo ou muriçoca), comum em ambientes urbanos, também pode ocasionalmente transmitir o vírus.

"A possibilidade de adaptação do Culex seria bem complicada, a gente tem bastante aqui no Rio de Janeiro. Mas se isso vai acontecer ou não, a gente não sabe", alerta Chebabo.


Ainda segundo o Ministério da Saúde, os sintomas da doença são parecidos com os da dengue e da chikungunya:


dor de cabeça,

dor muscular,

dor nas articulações,

náusea

e diarreia.

Doença não tem tratamento, mas não é grave

O diagnóstico da Febre do Oropouche envolve uma avaliação clínica, epidemiológica e laboratorial. Além disso, todos os casos de infecção devem ser comunicados, pois a doença é de notificação obrigatória devido ao seu potencial epidêmico e capacidade de mutação, podendo representar uma ameaça à saúde pública.


Por isso, como clinicamente é difícil distinguir os seus sintomas com os da dengue, a vigilância epidemiológica (ações que promovem a detecção e prevenção de doenças) exerce um papel crucial no controle dos casos. O diagnóstico aumenta a suspeita clínica para outras doenças e permite uma análise laboratorial que pode revelar outras arboviroses, como a febre ou a dengue.


Se uma pessoa vem da região Norte do país, isso aumenta nossa suspeita não apenas de dengue, mas de outras doenças. É fundamental ter a informação sobre um surto de outra doença semelhante no país para que, ao atender alguém com sintomas sugestivos dessas doenças, possamos estar preparados.

— Carla Kobayashi, infectologista do Hospital Sírio-Libanês.


Kobayashi também ressalta um aspecto crucial: a doença não é de alta gravidade.


Embora a Febre do Oropouche (FO) possa causar complicações sérias, como meningite ou encefalite, que afetam o sistema nervoso central, esses casos são raros.


"Então é importante a gente ter isso em mente também para não ter uma percepção de risco maior", diz.

Apesar disso, a FO NÃO possui tratamento específico - assim como a dengue.


O Ministério da Saúde recomenda que os pacientes descansem, recebam tratamento para os sintomas e sejam acompanhados por médicos.


E para prevenir a doença, são aconselháveis as mesmas medidias de prevenção à dengue:


Evitar áreas com muitos mosquitos, se possível.

Usar roupas que cubram o corpo e aplicar repelente nas áreas expostas da pele.

Manter a casa limpa, eliminando possíveis locais de reprodução de mosquitos, como água parada e folhas acumuladas.

Responsabilidade: Imagens, artigos ou vídeos que existem na web às vezes vêm de várias fontes de outras mídias. Os direitos autorais são de propriedade total da fonte. Se houver um problema com este assunto, você pode entrar em contato