Teresa Raquel Bastos, a primeira sommelière de mel do Brasil, fala sobre tipos de mel e explica por que alguns estão se tornando artigos de luxo
No Receitas, você encontra diversas maneiras de utilizar o mel na culinária, desde em molhos, como mel e mostarda, até em doces, como pão de mel. Existem diversos tipos de méis, e eles variam de acordo com as espécies de plantas que servem de fonte de néctar e pólen. "Assim como o vinho, cada mel exprime características da região onde é produzido ou, na linguagem da bebida, seu terroir", explica a sommelière de mel Teresa Raquel Bastos. Sobre os tipos de mel, ela também comentou:
De acordo com a origem botânica, há variações de aromas, texturas, sabores e cristalização. Com isso, temos riquezas de méis monoflorais (com predominância de características de uma flor específica) e também uma infinidade de méis multiflorais (silvestres), variando conforme os biomas, regiões, estações do ano e regimes climáticos, por exemplo.
Alguns dos méis mais produzidos no Brasil é da abelha Apis mellifera, afirma Teresa, que também é apicultora na Bee Mel, empresa de comércio e indústria de mel localizada no Piauí. No estado, o tipo de mel mais comum é o de marmeleiro, que é obtido no período das chuvas.
Méis produzidos por abelhas Apis mellifera e por abelhas sem ferrão
De acordo com Associação Brasileira de Estudos da Abelha, outros de tipos méis produzidos pela Apis mellifera são:
Laranjeira: mel claro, muito produzido em São Paulo e Minas Gerais.
Eucalipto: mel relativamente escuro, rico em minerais, comumente usado como expectorante e produzido nas regiões Sul e Sudeste.
Cipó-uva: mel transparente, predominantemente produzido em áreas de Cerrado, em Minas Gerais.
Bracatinga: mel não-floral ou melato. É produzido a partir de insetos que secretam um líquido no tronco da árvore, nativa da região Sul, e atraem as abelhas, que produzem o mel.
Também existem os méis produzidos pelas abelhas sem ferrão, que são menos doces e mais ácidos do que os produzidos pela Apis mellifera. No entanto, esses méis estão se tornando cada vez mais raros, devido ao desmatamento: "Além de serem muitos sensíveis às mudanças em seu habitat, [as abelhas sem ferrão] produzem muito pouco, fazendo com que seus meles sejam mais caros por esse motivo", afirma Teresa Bastos.
A apicultora alerta que méis como o da aroeira e o da faveira também tendem a se tornar mais escassos. O primeiro é conhecido por suas propriedades comprovadamente medicinais, pelo alto teor de compostos fenólicos presentes nessa florada. "Há dois anos que não conseguimos colher, por conta das mudanças climáticas que já são uma realidade para os apicultores aqui no Piauí. A tendência é que, se nada for feito, esses méis serão cada dia mais um artigo de luxo", alerta Teresa. Confira o que ela diz sobre os dois:
Mel de aroeira: escuro, denso e de sabor caramelizado com um leve amargor ao final da boca,
Mel de faveira: mel amargo, com notas de toffee, chocolate, laranja, café e banana, dependendo do seu estágio de maturação.
publicação: receitas