Eles trabalhavam em uma fábrica clandestina de cigarro em Paty do Alferes. Grupo deixou a delegacia nesta quinta-feira e foi levado para o Consulado do Paraguai no Rio de Janeiro (RJ).
Os seis paraguaios resgatados em situação análoga à escravidão de uma fábrica clandestina de cigarro, em Paty do Alferes (RJ), deixaram a delegacia de Miguel Pereira (RJ) na tarde desta quinta-feira (25) e foram levados para o Consulado do Paraguai no Rio de Janeiro (RJ). Segundo a Polícia Civil, eles vão voltar ao país de origem.
A data da viagem não foi informada. O g1 tenta contato com o consulado, por telefone e e-mail, desde a manhã desta quinta-feira, mas ainda não obteve retorno.
O grupo foi resgatado na tarde de quarta-feira (24) após uma denúncia. A fábrica funcionava em uma fazenda localizada na Estrada do Arrozal, no Guaribu.
Quando as polícias Civil e Militar chegaram ao local, foram alvos de disparos efetuados por um criminoso. Ele e um outro comparsa conseguiram fugir por uma área de mata e não foram localizados.
Segundo a Polícia Militar, os resgatados são seis homens de: 39, 33, 46, 21, 58 e 45 anos. As vítimas chegaram à fábrica após terem sido enganadas com uma suposta oportunidade de emprego em São Paulo (SP) (entenda abaixo).
De acordo com a polícia, eles não recebiam salário, acordavam de manhã e trabalham até a noite em troca de comida. As refeições eram feitas em um casebre com péssimas condições sanitárias, que funcionava como alojamento.
Vítimas foram enganadas
A PM informou que alguns paraguaios chegaram à fábrica no último domingo (21), enquanto outros já estavam há cerca de dois meses.
Em depoimento, os homens disseram que receberam uma proposta para trabalhar na capital paulista, mas não foi informado qual era o tipo de serviço.
Apesar de não terem chegado juntos ao local, a quadrilha agiu da mesma forma com os seis: ao chegarem em São Paulo, um homem pegou os celulares deles e os forçaram a entrar em uma van.
Para não enxergarem o caminho até o galpão, todos foram vendados e encapuzados. A fábrica funcionava em um galpão, que fica em uma área afastada e de mata, na Estrada do Arrozal, no bairro Guaribú, no distrito de Avelar.
Assim que chegaram em Paty do Alferes, eles foram comunicados que iriam trabalhar em uma produção clandestina de cigarros. Em troca, receberiam nada além de alimentação e moradia.
Mais 3 mil resgates em 2023
Um total de 3.190 trabalhadores foi resgatado de condições análogas à escravidão no Brasil em 2023, divulgou o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). Segundo o órgão, o número de resgates é o maior dos últimos 14 anos.
Ao longo de 2023, foram fiscalizados 598 estabelecimentos urbanos e rurais. De acordo com o MTE, além dos resgates, essas ações possibilitaram o pagamento de mais de R$ 12,8 milhões em verbas salariais e rescisórias aos trabalhadores resgatados.
Em 2022, foram 2.587 trabalhadores resgatados pela fiscalização, em 531 ações realizadas, com pagamento de R$ 10,4 milhões em indenizações trabalhistas.
O maior número de ações e resgates em 2023 foi realizado na região Sudeste, seguida do Centro-Oeste e Nordeste.
Como denunciar?
Existe um canal específico para denúncias de trabalho análogo à escravidão: é o Sistema Ipê, disponível pela internet. O denunciante não precisa se identificar, basta acessar o sistema e inserir o maior número possível de informações.
A ideia é que a fiscalização possa, a partir dessas informações do denunciante, analisar se o caso de fato configura trabalho análogo à escravidão e realizar as verificações in loco.
fonte: g1
foto: reprocução
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